sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Leitura Recomendada "Alquimistas e Químicos: o passado, o presente e o futuro" de José Atílio Vanin - 23/08/2013

Li  e recomendo! O  livro de José Atílio Vanin: Alquimistas e Químicos: o passado, o presente e o futuro. Avalio com nota 8 (Muito Bom!)

Resenha e avaliação completa segue abaixo: (CUIDADO: Revelações do conteúdo! SPOILERS!)

Título: Alquimistas e Químicos: O passado, o presente e o futuro.
Autor: José Atílio Vanin
Tradutor: Sem (Nacional)
Gênero: Livro Paradidático de Química
Bibliografia: Alquimistas e Químicos: O passado, o presente e o futuro / José Atílio Vanin – 1ª ed. (17ª impressão) – São Paulo: Moderna, 1994 (Coleção Polêmica).
Resumo: O objetivo do livro trata de mostrar para o estudante o valor da Química e de como ela está sempre presente nas revoluções sociais. Apresenta um pouco da história de seu desenvolvimento, a história de alguns cientistas de grande importância como Pasteur e Lavoisier e de como os mais variados produtos são compostos por Química, sendo que ela não tem apenas o caráter ruim geralmente associado. Serve para complementar o livro didático para o aluno de ensino médio e como fonte de informações para o professor enriquecer suas aulas.
No primeiro capítulo o autor se concentra em explicar como as transformações químicas dos materiais influenciou o homem primitivo a sua evolução. Desde a descoberta do fogo, como o domínio dos metais e cunhagem de moedas, a invenção da escrita e da roda, e a confecção de outros utensílios.
No segundo capítulo explica sobre a alquimia, antecessora da química que envolvia conhecimento “científico” vinculado a magia e religião. Fala de seus objetivos em conseguir obter a pedra filosofal e conseguir transformar metais “impuros” como o chumbo em ouro, além de se obter o elixir da imortalidade. A alquimia não conseguiu realizar estes objetivos segundo o autor, porém contribuíram significativamente para o desenvolvimento de métodos químicos de separação, além de vidrarias e utensílios. Um desenvolvimento importante foi a criação do ramo médico da alquimia, a iatroquímica. Nesse ramo se destaca o alquimista Paracelso que começou a usar compostos em tratamento às doenças.
Surge no século XVII Robert Boyle que publica o seu livro “O químico cético” que corta as relações da ciência com a religião e a filosofia, enfatizando que o conhecimento químico somente poderia ser aceito como verdadeiro quando pudesse ser comprovado por meio de experimentação. No século XVII, o francês Lavoisier faz a chamada revolução química e fica conhecido como o pai da química. Graças a ele a teoria errônea do flogisto foi desmascarada e se pôde conhecer melhor o processo de combustão mediante a necessidade da presença do novo elemento recém-descoberto, o oxigênio. Conhecimento que contribuiu bastante para outros diversos ramos da ciência, como a metalurgia por exemplo. Sem essa descoberta, o desenvolvimento humano causado pela revolução industrial inglesa teria sido retardado. Lavoisier também definiu o que seria um elemento químico, criou o princípio da conservação da matéria, começou uma nomenclatura química e publicou o Tratado Elementar da Química. Colaborou para transformar a química em uma verdadeira ciência. Explica-se também que a famosa frase atribuída ao cientista, na verdade não lhe pertence.
No século XIX Kekulé descobriu a estrutura do benzeno, comparando sua estrutura com a serpente alquímica Ouroboros, surge a escola alemã de Liebig para a formação de químicos e se tem a contribuição do francês Louis Pasteur para a Química, microbiologia e medicina. Ele realizou experimentos com estereoquímica e descobriu que enantiômeros desviam o plano da luz polarizada e a mistura deles (racêmica) não. Trabalhou ainda com a fermentação alcoólica, mostrando que o processo ocorre mediante a presença de microrganismos vivos e criou o processo de Pasteurização para se mata-los e evitar doenças. A pasteurização é o aquecimento por volta de 60ºC e depois a abaixa rapidamente. Desenvolveu vacinas estudando os microrganismos e encontrou a cura para a raiva animal. Acabou com a teoria de geração espontânea afirmando que organismos vivos apenas surgem de outros organismos vivos. Sua frase marcante foi que o acaso apenas favorece a mente preparada.
O século XX vem com o desenvolvimento dos modelos atômicos e da química nuclear com o casal Pierre descobrindo a radioatividade. A importante síntese da amônia, que ajudou a Alemanha a superar o cerco dos aliados na Primeira Guerra Mundial. Com ela se faz desde fertilizantes agrícolas à explosivos. Os reagentes estão de fácil acesso a todos, presentes no ar atmosférico, que são nitrogênio e hidrogênio. De tanta importância, os dois próximos capítulos (3 e 4) tratam de Lavoisier e Pasteur, contando mais sobre a vida deles e suas contribuições científicas, já citadas.
O capítulo 5 trata da química do cotidiano e procura explicar materiais que envolvem o conhecimento químico como o cimento, o vidro, as tintas, os sabões e detergentes, as fotografias e os alimentos. Desde o histórico e descoberta aos meios de produção e revolução na sociedade.
O capítulo 6 segue a mesma ideia, porém com o tema de plásticos e fibras sintéticas. Neste capítulo se fala do surgimento dos primeiros tecidos sintéticos que visavam imitar os naturais e a descoberta dos polímeros por Staudinger. Descoberta que não foi muito bem aceita pela comunidade científica da época.
O capítulo 6 se aprofunda nos temas de corantes, falando de como o desenvolvimento dos sintéticos foram de importante impacto na agricultura e na medicina. Na agricultura por liberar espaço para o cultivo de alimentos e na medicina por permitir corar células que antes não podiam ser identificadas mediante a visualização somente do microscópico.  O autor explana a importância da química para o meio ambiente e os cuidados que se deve ter e de como o desenvolvimento do conhecimento químico possibilitou a troca de substâncias nocivas ao meio por outras não tão perigosas.
Aproveita para explicar que a química não se acabaria como o fim do petróleo e usinas nucleares, por que tudo é química. O petróleo serve de base para vários produtos, porém o seu fim apenas faria com que os químicos buscassem alternativas naturais para obter compostos. Por exemplo, como solução energética poderia se utilizar o etanol vegetal como combustível.
O capítulo 8 tenta prever o futuro da nação. Ele prever um mundo que será competitivo onde a química será de grande necessidade. Explica como se deve fazer para ingressar na carreira de químico mediante a graduação e chama a atenção de que este não é o último nível de formação do profissional e sim o doutorado. Convida os estudantes a se interessarem pela carreira em química.
Opinião sobre o livro: O livro é muito rico em informação. Apresenta-se como um bom material para se enriquecer a aula de Química ou para todo aquele que deseja saber mais sobre este ramo científico. Assim, é composto por uma linguagem acessível e permite a compreensão da evolução da Química e de como ela está presente nos mais diversos produtos e processos cotidianos.
Os pontos negativos em minha opinião seriam dois. Em relação ao primeiro, o autor até faz uma ressalva na introdução, dizendo que não colocou fórmulas químicas para se evitar complexar o assunto. Discordo, pois fazendo isso ele desmerece uma importante linguagem pela qual a Química se utiliza frequentemente para se comunicar, que é a simbólica.
Segundo, a repetição de temas, que ele também explica ser proposital, faz com que às vezes a informação se torne maçante e assim cansativa, mesmo que ela seja repassada em um contexto diferente do primeiro. O excesso de informação para um pouco número de páginas tem um aspecto bom e ruim para a compreensão do conteúdo.
Avaliação Final: Nota 8. (MUITO BOM)

Rabiscando 23/08/2013